12 de novembro de 2010

The Rural Alberta Advantage - Hometowns [2008]




Tá, confesso: baixei esse disco porque a Pitchfork deu uma nota boa na época, prontofalei. A resenha saiu por ocasião do relançamento do álbum pela Saddle Creek, em meados de 2009, quando o power trio assinou contrato e deixou para trás o status de melhor banda independente do Canadá


As canções sobre os verões nas Rochosas e os invernos campestres ganharam meu coração; os arranjos diretos e a sinceridade das letras são fodas. E ah sim, o baterista é um surtado, isso contou também. 


Alguém disse que não passava de uma chupação de um tributo ao Neutral Milk Hotel, mas bah, esse alguém não se ligou na infiltração dum certo synth pop tosco ou no equilíbrio semi afinado que os backings da menina trazem pra parada. Por outro lado, também não se trata de um absurdo, em absoluto - a estética lo-fi, os violões distorcidos e os eventuais descontroles do vocalista não disfarçam que os RAA gostam mesmo da patota do Jeff Mangum, assimilando e retransparecendo todo aquele desespero melancólico que consegue deixar nossos dias subtropicais ainda mais animados.


Hometowns
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9 de novembro de 2010

Miike Snow - Miike Snow [2009]




Ano passado eu estava super viciado nesse disco. Desejei muito que ainda acontecem edições da Invasão Sueca em Curitiba, até mandei um tweet ao Papai Noel pedindo um show dos caras por aqui. E não é que, quase exatamente um ano depois, meu pedido foi atendido? Quer dizer, mais ou menos, porque a banda se apresentaria em São Paulo, Porto Alegre e Recife, mas né? Jogo bom assim mesmo.


E lá fomos eu e o Jaime para o Rio Grande do Sul. Olha, vou te dizer, foi foda! Entrou pro top 10 de shows da vida. Bem mais pesado que no disco, eletrônico pancada mesmo. Não acreditei na vibe do povo pulando e cantando os refrões - afinal, uma semana antes parecia que ninguém nunca tinha ouvido falar neles. E rolou mais uma coisa inesperada nesse sentido: foi para vê-los ao vivo que 60 fãs do Rio de Janeiro se reuniram, numa iniciativa inédita no Brasil, para bancar a gig do próprio bolso, conseguindo no fim levar 850 pessoas para o Circo Voador em plena segunda-feira (!!). Palmas pra rapaziada de lá, mandaram bem.


Mas então, baixa aí, ouve e vê se concorda com a gente: o clima é soturno, um pop hipnótico, bem construído. Nem vou comentar que esses camaradas já produziram coisas pra Madonna e pra Britney pra não criar resistência, haha, mas acredite, eles usam seus poderes para o bem. Talvez o electro-ska esquisito de Animal (primeira faixa e primeiro single do álbum) te deixe meio em dúvida na primeira audição (isso aconteceu comigo), mas é só seguir adiante pra perceber que o disco inteiro é phoda. Em pouco tempo as estrofes estarão ecoando pela sua cabeça e você mal se lembrará de ter estranhado um dia. Tá, acho que esse coelho bizarro com chifres (que aparece em todos os clipes deles) também pode ter alguma coisa a ver com isso.

1 de novembro de 2010

Coconut Records - Nighttiming [2007] e Davy [2009]





O Jason Schwartzman é do tipo come-quieto - ele sempre está por aí, mas a gente mal vê. Bem, ele também parece não fazer muita questão de ser visto. Tipo, ele é ator, sobrinho do Francis Ford Copolla e primo do Nicolas Cage, o irmão dele faz aqueles blockbusters milionários horríveis, mas ele mesmo quase só pega pontas. Várias delas, na real. Ele foi o Luís XVI no Maria Antonieta e o Ringo Starr em Walk HardDe vez em quando dá uma de protagonista, como no seriado Bored to Death e nos curtas Hotel Chevallier e The Darjeeling Limited (que, aliás, ele ajudou a escrever). E olha que o cara é bom, é engraçado.


O Coconut Records é a sua persona musical. Ele compõe as letras e as melodias, grava quase todos os instrumentos e arranjos. Lança os discos por um selo que ele mesmo criou, e divulga de mansinho, daquele jeitão Onde Está Wally. Quando fui ao cinema ver Cloverfield, durante a cena da festa, reconheci o riffzinho de West Coast: come-quieto. Ele também chama o povinho ator pra participar das gravações - a Kirsten Dunst, a Jennifer Furches e a Zooey Deschanel fizeram backing vocals numas músicas dele (come-quieto?). E falando na Zooey <3, só fui reparar que ele aparece no filme do Guia do Mochileiro das Galáxias lá pela terceira vez que vi - e são só alguns segundos. Come-quieto!


Quem me ensinou a prestar atenção tanto nele quanto nela foi a Alyssa Aquino, enquanto papeávamos sobre clássicos pessoais e bandas da vida. Confesso que a primeira vez que ouvi o Nighttiming achei o disco um pouco fácil demais, mas quando fui perceber, o bicho já era o mais ouvido do meu Last.fm. Tá certo que só abri minha conta em 2006, e que o scrobbler não pega fitas k7 ou as coisas que eu ouço no iPobre ou no som da sala, etc, etc, mas pô, bateu até as audições digitais de The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars!


Eita, me pegou desprevenido. Isn't that the way it goes?


O som é extremamente pop, sensível e engraçado ao mesmo tempo - e ainda é um mistério como foi possível misturar esses ingredientes sem dar em água com açúcar. O Nighttiming corrobora minha teoria de que corações quebrados geram os discos mais inspirados, e contém vários hits em potencial (nenhum chegou a ficar muito conhecido, naturalmente). Uns dois anos depois do lançamento, uma DJ aqui da micrópole descobriu a banda e começou a tocar uma dessas faixas na balada. Super funcionou na pista, e era ótimo poder contar com essas pequenas e agradáveis ilhas num mar de sucessos do novo-róque chinfrim. Claro, depois de um tempo essa faixa chegou até a enjoar um pouco, bateu cabelo demais. Mas ok, repetition kills you, e o ponto é provar que rolaria: he could if he would.


O segundo disco, Davy, é perfeito para embalar road-trips (não tenho como ouvir Microphone sem lembrar da cara de felicidade da Ms. Kummer com seus fones de ouvido no ônibus para Pucón). O álbum segue uma linha mais sutil, acústica, sem referências irônicas a episódios da vida noturna pós-break-up ou riffs roqueiros weezerianos. Talvez tenha a ver com as reciclagens que costumam acontecer depois de refletirmos sobre nossas próprias retrospectivas. O Jason com certeza andou fazendo isso, a julgar pelo clima autobiográfico de Drummer, canção cuja letra, após resumir os anos da vida dele em frases sucintas, culmina no refrão "...and I was the drummer in a band that you heard of". Ah é, faltou mencionar isso - ele também era baterista do Phantom Planet. Alô, O.C.!


Nighttiming
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Davy
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