Não havia blogs de música em 99. Quer dizer, no mundo, devia haver sim. Uns dois. Mas o que pegava mesmo era uns sites brasileiros em HTML vagabundo de link azul, hospedados numas Geocities da vida, que, mesmo assim, conseguiam nos deslumbrar diante do admirável mundo novo da acessibilidade à informação privilegiada.
No meio deles, maravilhas como o Indie Place e o Imaginary Friends já sussurravam uns nomes de bandas que, de outro modo, você teria tanta chance de conhecê-las quanto de ganhar do Deep Blue no xadrez. Sem precisar ir aos Correios, a gente ouvia falar que o Postal Blue estava se dando bem na gringa e que havia um site novo na praça, um tal de Trabalho Sujo. Naquele inverno um sujeito havia recém chegado da Escócia e opinou: a única coisa boa que tinha surgido de bom por lá naquele semestre era um tal de Cousteau. Beleza, bora ligar o Napster e deixar o computador ligado durante a madrugada, pra na outra manhã, com sorte, ter um arquivo mp3 inteiro pra ouvir. Rolou, e era The Last Good Day of the Year. Fodeu.
O Cousteau é uma banda fudida com um vocalista que canta que nem o Scott Walker: sonzeira romântica, dramática, intensa e meio canastrona. Se um décimo das bandas bregas que rolam por aí fossem assim, eu frequentaria mais jantares dançantes, certeza.
Cousteau - Cousteau
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